Chão de terra.
Calco o chão como se pisasse desenfreado e fugidío de sentimentos que a todos os pulmões rasgo o ar, dizendo "Não são meus!".
E choro, não como um homem, mas como um menino que víu a mãe morrer. Habituei-me a vaguear, quando no fundo, todos os que passaram na minha vida vagueram por obrigação. Ninguém entrou, a ninguém fiz o favor de abrir a porta. Ninguém a não ser ela. Sim, porque há sempre tendência para acertar em quem nos vai magoar como poucos o sabem fazer. Mas ela fê-lo e bem, diga-se de passagem que duvido que alguém o volte a fazer assim, não por não ter capacidade, mas porque eu não o vou permitir. Recuso-me! Pedir para ser amado e não o ser, é como se ouve dizer lá na Rua do Capitulino "é um chamamento a um não certo!" e é bem sabido que esse não lá vinha e vinha a correr como se estivesse atrasado para o comboio que à muito partiu. Agora, fazer com que se ame e enrolar, enrolar até atar e o nó deixar de ser cego e tudo mostrar, é dose de cabrões que comem tudo o que há com a etiqueta que demanda um bordel que se preze. Bordel? Casa de putas! Foi quando lembrei a última noite, em que ela vociferou bem no meu rosto "Foste tão parvo!" Como é possível eu não achar o mesmo que ela? Sim, porque parvo eu não sou e tu vais sabê-lo da pior forma. Eu amei sim. E ainda amo. Não o que és, não o que foste, mas o que tu criaste. E sim, criaste bem essa tua personagem, actriz de primeira que é mantida no teatro de segunda. E és bem mantida aí, mas vais deixar de ser mantida custe-me o que custar. Que nunca daí saias, que só te vai fazer bem. E vou enlouquecer , vou esquecer os meus ideais, se é que algum dia os tive e, vais pagar não o que fizeste, mas o que ouvi e ainda ouço a ecoar no meu quarto que insisto em manter vazio... Vou iludir a mulher do teu irmão, vou fazer-lhe pior do que fizeste comigo. Vou levá-la para a cama e vou repeti-lo as vezes que ela quiser. Mas quando me cansar, vou fazer como os ladrões amadores que se acham federados fazem, vou deixar as pistas certas nos lugares certos... E vou fazer com que toda a gente o saiba. Ele vai-lhe dar uma sova como nunca pensaste ser possivel. E vais ficar feliz com o que vou fazer, porque ela boa pessoa nunca o soube ser, mas ela era o ninho de ovos de ouro do teu irmão e que tu também querias ter e tinhas de certo modo, porque ela não o mantinha só a ele, como a ti mais os teus caprichos de que ias ser a melhor actriz que Lisboa conheceu. Mas depois vais reparar, que se há alguém burro nisto tudo, não sou eu. E sim, ele vai ficar sem um tusto e tu vais de arremesso com ele. Não vais atrás, vais à frente. E vais ver, que ele para além de ficar sem nada, vai ficar com a vergonha e desdém igual à tua, mas a tua é em segredo porque mais ninguém o sabe.
E vais curar-lhe a ferida com que ela o vai deixar, que por sinal vai ser maior que a minha, mas no fundo o que mais te vais custar vai ser ouvi-lo dizer que tu és bem pior que ela, que és mais vadia, que tu te vendes com a mesma frequência que uma burguesa fuma a sua cigarrilha. Porque vais saber e sentir que o que ele diz é verdade.
Repito, "Não são meus!" São pecados teus.
E sim, depois fujo, aliviado e começo, como sempre comecei... De novo, mas lá bem longe.
João Pedro.
E choro, não como um homem, mas como um menino que víu a mãe morrer. Habituei-me a vaguear, quando no fundo, todos os que passaram na minha vida vagueram por obrigação. Ninguém entrou, a ninguém fiz o favor de abrir a porta. Ninguém a não ser ela. Sim, porque há sempre tendência para acertar em quem nos vai magoar como poucos o sabem fazer. Mas ela fê-lo e bem, diga-se de passagem que duvido que alguém o volte a fazer assim, não por não ter capacidade, mas porque eu não o vou permitir. Recuso-me! Pedir para ser amado e não o ser, é como se ouve dizer lá na Rua do Capitulino "é um chamamento a um não certo!" e é bem sabido que esse não lá vinha e vinha a correr como se estivesse atrasado para o comboio que à muito partiu. Agora, fazer com que se ame e enrolar, enrolar até atar e o nó deixar de ser cego e tudo mostrar, é dose de cabrões que comem tudo o que há com a etiqueta que demanda um bordel que se preze. Bordel? Casa de putas! Foi quando lembrei a última noite, em que ela vociferou bem no meu rosto "Foste tão parvo!" Como é possível eu não achar o mesmo que ela? Sim, porque parvo eu não sou e tu vais sabê-lo da pior forma. Eu amei sim. E ainda amo. Não o que és, não o que foste, mas o que tu criaste. E sim, criaste bem essa tua personagem, actriz de primeira que é mantida no teatro de segunda. E és bem mantida aí, mas vais deixar de ser mantida custe-me o que custar. Que nunca daí saias, que só te vai fazer bem. E vou enlouquecer , vou esquecer os meus ideais, se é que algum dia os tive e, vais pagar não o que fizeste, mas o que ouvi e ainda ouço a ecoar no meu quarto que insisto em manter vazio... Vou iludir a mulher do teu irmão, vou fazer-lhe pior do que fizeste comigo. Vou levá-la para a cama e vou repeti-lo as vezes que ela quiser. Mas quando me cansar, vou fazer como os ladrões amadores que se acham federados fazem, vou deixar as pistas certas nos lugares certos... E vou fazer com que toda a gente o saiba. Ele vai-lhe dar uma sova como nunca pensaste ser possivel. E vais ficar feliz com o que vou fazer, porque ela boa pessoa nunca o soube ser, mas ela era o ninho de ovos de ouro do teu irmão e que tu também querias ter e tinhas de certo modo, porque ela não o mantinha só a ele, como a ti mais os teus caprichos de que ias ser a melhor actriz que Lisboa conheceu. Mas depois vais reparar, que se há alguém burro nisto tudo, não sou eu. E sim, ele vai ficar sem um tusto e tu vais de arremesso com ele. Não vais atrás, vais à frente. E vais ver, que ele para além de ficar sem nada, vai ficar com a vergonha e desdém igual à tua, mas a tua é em segredo porque mais ninguém o sabe.
E vais curar-lhe a ferida com que ela o vai deixar, que por sinal vai ser maior que a minha, mas no fundo o que mais te vais custar vai ser ouvi-lo dizer que tu és bem pior que ela, que és mais vadia, que tu te vendes com a mesma frequência que uma burguesa fuma a sua cigarrilha. Porque vais saber e sentir que o que ele diz é verdade.
Repito, "Não são meus!" São pecados teus.
E sim, depois fujo, aliviado e começo, como sempre comecei... De novo, mas lá bem longe.
João Pedro.
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