Viraram-me as costas.

Porque será que não vemos as nossas costas? Tenho reflectido sobre isto... Porque o pescoço só vira até noventa graus? A genética aqui tramou-nos... Parece uma metáfora à vida.
Desejamos um futuro (olhar em frente), que achamos teimar sempre em chegar (quando na realidade, passa tudo tão rápido) e queixamo-nos do peso das responsabilidades (que acartamos às costas), mas as costas podem dar azo às cavalitas e se os anjos existissem, as costas estariam povoadas de asas. 
Alfred Hithcock imortalizou a frase "nunca vires as costas a um amigo", porque o virar as costas têm a conotação negativa de não querer saber. Pelo menos, a quem estiver de costas viradas, há muito que não vê. Quase como um policia sinaleiro, que vira as costas a quem está parado. E um maestro? É lhe natural estar de costas a quem mais quer agradar. E esta? "Um homem que quer reger a orquestra precisa de dar as costas à plateia" (James Cook). Dir-me-ão os sensatos, que o bom senso deve perdurar e que o segredo é saber quando é acertado virar as costas. 
Mas a não ser que tenhamos um estudo retrospectivo, ou que estejamos nas páginas finas de um romance, pouco se sabe num determinado momento com grandes certezas. As ideias do certo e errado vêm com o tempo e em qualquer momento as costas são dadas sempre a alguém, porquê?

Porque não somos feitos só de frentes.

"Talvez eu e o meu corpo formemos uma conspiração pelas costas da minha própria mente!" Friedrich Nietzsche

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