Queima das fitas de Coimbra.

Faz 8 anos que tive a minha primeira Queima das Fitas em Coimbra.
Já a tinha frequentado enquanto aluna de secundário, mas a primeira mesmo foi de braço dado com a minha mãe sem traje envergado. Entrei em enfermagem, a minha última opção do papel de candidatura, como ia repetir os exames nacionais não quis que me comprassem o traje pois o futuro podia trazer na algibeira outra faculdade e o dinheiro seria muito mal gasto. Pois bem, como sempre lá tive a minha mãe de mão dada no desfile. Estava tão triste por ver tantas cartolas amarelas que passei a tarde do desfile com lágrimas nos olhos, as minhas amigas de curso todas trajadas e eu no meio delas com a minha mãe sempre de mão dada. E esse dia resumiu-se num dos dias mais espectaculares de sempre! A minha mãe passou literalmente todo o dia comigo, incluindo jantar de curso e a rambóia nessa noite ao som de Quim Barreiros em pleno queimódromo! O David chegou a pedir a minha mão em casamento à... minha mãe! Que lha negou na cara! AHAHA AHAHAH AHAH
Dançámos, pulámos, sempre na maior até às 6h da manhã, a minha mãe fez direta conosco, comemos pão quente na padaria da baixa que agora não me lembro o nome e seguimos caminho até à estação de comboios de Coimbra A onde às 6h45 ela apanhou o comboio para ir trabalhar! Grande mulher a minha mãe. Quando chegou ao trabalho estava eu a chegar à cama, ela sempre se aguentou melhor que eu! Mesmo! 
No ano seguinte fui caloira em medicina dentária, por décimas fiquei aquém do desejado, mas honestamente, tenho a profissão que não sonhei, mas a presente realidade supera o velho sonho e realiza-me. Adoro o que faço, não me imagino a vaguear em corredores de hospitais que outrora pensei como o ideal para mim. Não investi na mudança de curso, investi na minha carreira de médica dentista. Estou agora no segundo ano do doutoramento em ciências da saúde da FMUC. Mas, foram precisos outros 4 anos até chegar a outro dia de desfile igualmente esmagador.
O ano do carro.
Foi a loucura em três dias, mais houvesse, mais se fazia. Na noite anterior fui ao baile de gala, optei por ir com o meu namorado no ano em que era ele o finalista, porque no meu curso sempre foi a moda dos grupinhos (ainda hoje não tenho paciência para essa merda!!!) e ainda bem que o fiz. Foi brutalíssimo! Diverti-me imenso, com um vestido simples da Zara e com uns sapatões bem carões como nós mulheres merecemos e fui tal como eu quis: giraça e boa como um helicóptero! Oh yeahhh! E foi o baile a dançar altíssima no início e ao fim da noite dançava já no rés-do-chão... descalça! Não sou de ferro. Dormitou-se muito pouco e sempre a correr para na manhã seguinte queimar o grelo (ai a fila....................!) guardar o carro não fosse ele vandalizado logo no turno das 9h para poder ir almoçar descansada (?) com a família o belo do leitão no restaurante! Ai c'a fome!!! Para logo a seguir decorrer o desfile megaespetacular que passou a num abrir e fechar de olhos. Lembro-me de dizer a desconhecidos que o meu nome era Patrícia Estilo!
QUEM É QUE SE LEMBRA DE DIZER ISTO???
EU!
E a quem fui eu dizer isto? Ao Pires que nos anos seguintes viria a ser e ainda é o presidente da associação de estudantes de medicina dentária. Só eu!!! PIOR! Lembro-me de o ter dito, não me lembrava era a quem o tinha dito (muito bom!!!) e ele caloiro andou meses a perguntar quem era a Patrícia Estilo até... que me encontrou! Ai o que eu me ri... E mal dou por mim, estamos junto ao largo da portagem e vejo o carro a arder e o meu melhor amigo, o Joel, no meio das labaredas. Desato a chorar "Ai o Joel, o Joel.. Acudam!!" Que bem que me fez provar vodka preta com coca-cola! Os efeitos visuais eram de alto nível! Pura ficção-cientifica!  AHAHA AHAH AHAH
No ano seguinte, fui finalista e já lá vão 3 anos! A minha afilhada Catarina surgiu de surpresa em versão mini-mi, também ela trajada e cartolada de cartola e bengala amarela! E o sucesso que ela fez??? Muito maior que o meu, faziam-me parar para tirar fotos com... ela! AHAHA AHAH AHAH Muito bom! Fizemos a zona do mercado de Coimbra a desfilar as duas de mão dada como se estivéssemos no sambódromo do Brasil tal era o calor que nós, as duas brasas, espalhávamos. 
Momentos muito mas muito felizes eu tive, enquanto estudante Coimbrã. Nunca os vou esquecer e todos os chás dançantes em que me transformava (completamente!) em nadadora de alta competição em marés vivas com 10cm de altura de esferovite! Eu fiz isto e muito mais... Num tsunami, ou foi numa onda gigante?! Já não me lembro bem... Mas no meio de tanto esferovite perdi um sapato (sou a versão aquática de Cinderela) sem sequer me importar. Curiosamente, foi o meu namorado que encontrou o sapato nessa noite. Hum... Vou pensar sobre isto mais tarde!
Lembro-me que não senti nada de especial com as serenatas, muito barulho, muita confusão que me provocavam o pânico no meio da multidão. Muitos apertos, más caras, empurrões, cheiro a urina... Unlike. A única vez que estive mais perto foi na serenata do meu primeiro ano de dentária, já trajada em que fui ao encontro de minha mãe (novamente presente!). Fui sempre preferindo a companhia de amigos à distância de largos metros dos fadistas e não fui fazer a tal espera de 15h para estar nas escadas centrais junto à Sé Velha para ouvir os fados. Nunca me identifiquei com essa espera. Preferi sempre a distância. 

Não me considero saudosista, tenho saudades de momentos, de pessoas, mas vivo muito bem com elas, não tenho vontade de voltar atrás, pois contínuo a sentir que a melhor coisa que me aconteceu foi acabar o curso e abraçar o que veio depois. Sinto-me feliz neste abraço. Se foram os melhores anos da minha vida?! Ai... não! Esses ainda estão por vir.

Após 3 anos, vou lá estar novamente para três bengaladas... é a vez de outro Diogo fazer-se a caminho... o Bernardo.
Carlos, o próximo és tu.
Mas só para que fique bem claro, estávamos ou não estávamos fantásticas?!
Nós somos fantásticas!

Comentários

Postagens mais visitadas