Popularidade.

Há 2 tipos de popularidade. Os populares que são os maiores e o quiseram ser e ao seu redor são aplaudidos como tal e os populares que inadvertidamente são os melhores da sua área e silenciosamente são tidos como tal por quem os tenta imitar de uma forma mais contida e até intimidante. No nosso país invejam-se os 2 tipos, mas ignorantemente odeia-se mais o que atinge o topo de carreira como "o maior!". 
Ora vejamos.
Ainda ontem em consulta tive um doente que orgulhosamente me explicou (sem qualquer pergunta da minha parte) a forma fraudulenta como ganhou dinheiro durante a sua vida. Hoje como 42 anos, relatou-me minuciosamente que começou a trabalhar aos 18anos e na altura ganhava 200 contos por mês. Que num ano estreou 5 carros novos! "Dra, até diziam na minha terra que eu andava na droga... Eu?! Eu sabia era ganhá-lo! Fui eu que abri o (....) na cidade de (...). Era revendedor de chocolates, de batatas fritas, de quase tudo! Naquela altura é que se ganhava dinheiro. Até palha eu vendia como se fossem batatas fritas. E sabe o que fazia na altura?! As caixas do fundo iam sempre vazias... E ninguém dava por elas. Tentei uma, duas, três vezes... Vi que dava e lá continuei. E depois vendia a retalho essas mesmas batatas e chocolates que deixava em minha casa. Foram anos e anos de dinheiro. Eu tinha meses de faturar três mil contos. Eu trazia dinheiro nos bolsos, nas cuecas, nas meias... Eu metia-o em todos os buracos que encontrava. Agora?! Agora já não se consegue ganhar dinheiro com estes governantes! Que nós roubam tudo, esses gatunos..." 
Eu classifico este homem (recuso-me a chamá-lo de senhor) como o maior. Acha ridículo que dissessem que andava na droga, quando também ele era traficante mas à sua maneira. Hoje em dia está emigrado na França, onde segundo ele desconta bem, mas recebe melhor. Conheci-o em pleno fulgor de um outro esquema. Foi lá operado, está de baixa, mas veio para cá de férias! Todas as manhãs liga para o aeroporto a reservar um voo, pois até às 10h00 da manhã tem uma vizinha lá na França que lhe vai verificar o correio e caso surja a nova inspeção médica ele põe-se a caminho. O extraordinário é que este homem contou-me isto na segunda vez que me viu e tudo à frente de uma filha de 9anos!!! Resumindo: muita gente lerá isto e pensará "Este gajo é o maior!" E nisto tudo, num trabalho que não damos muito por ele e já faturava desta forma, nem consigo imaginar como seria faturar em grandes cargos. Recentemente conhecemos um dos mestres deste maiorismo de seu apelido Relvas, mas este deve ser um peixe pequenino, ao qual o meu doente apresenta-se como fitoplâncton e, honestamente, os sem rostos, esses sim é que eu imagino serem esmagadores ao ponto de eu e muitos mais pagarmos o buraco que eles com mestria criaram. 
No grupo dos populares por serem os melhores, a admiração vence a inveja, mas a meu ver, este país move-se mais rapidamente por inveja do quer por admiração. Quantas foram as vezes que já comprou algo porque fulana tem?! E até nem a admira assim por aí além?! ;) Ah pois é...
Em relação ao grupo dos the best, essa elite é também ela a mais admirada mas tida como inacessível, parece-me que nós, enquanto lusitanos sentimos a adrenalina a escorrer face a uma excelente trafulhice e o tremor não nos abandona perante grandes feitos. 

O meu medo é que se descubra que o Gama tinha gps a caminho da Índia e que o Pessoa era bipolar.
Esses sim, seriam os maiores!

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