Queima das fitas de Coimbra.

Julgo que crescer, amadurecer ou como quiserem chamar ao que sofremos com o passar dos anos, sofrer no sentido de transformação crescente, é assim que quero designar, o que nos vai acontecendo é que vamos pensando no que as coisas realmente significam para nós. Ou não será? Já dei comigo a decifrar tudo quanto é momento, olhares ainda não consigo bem bem decifrar, mas aconteceu-me uma coisa fantástica. Apercebi-me que as músicas que mais gosto são de momentos tristes, de dor. E são essas mesmas que me fazem sorrir... "Caramba, afinal i'm not the only one..." Mas não é um sofrer de fazer chorar, vá às vezes sim, mas não é isso. refiro-me à solidão que nos assola o corpo e alma quando estamos soznhos. Essa sim, é a dominante.
E como está lá fora já a meia haste no céu e eu ainda dentro de casa, também eu aqui deixo esta pérola que me arrepia cada vez que ouço a voz grossa da Simone a cantar para mim "Sol de Inverno":

Sabe Deus que eu quis contigo ser feliz
Viver ao sol do teu olhar mais terno
Morto o teu desejo, vivo o meu desejo
Primavera em flor ao sol de Inverno

Sonhos que sonhei, onde estão? - Horas que vivi, quem as tem?
De que serve ter coração e não ter o amor de ninguém?
Beijos que te dei, onde estão? - A quem foste dar o que é meu?
Vale mais não ter coração do que ter e não ter, como eu

Eu em troca de nada dei tudo na vida
Bandeira vencida, rasgada no chão
Sou a data esquecida, a coisa perdida que vai a leilão

Sonhos que sonhei, onde estão? - Horas que vivi, quem as tem?
De que serve ter coração e não ter o amor de ninguém?
Vivo de saudades, amor, a vida perdeu fulgor
Como o sol de Inverno não tenho calor

De que serve ter coração e não ter o amor de ninguém?
Vivo de saudades, amor, a vida perdeu fulgor
Como o sol de Inverno não tenho calor.