Um pequenino grande herói.
Caminha calmamente, mas cada passo que dá é leve, mas bem acente. Sorri.
O mais estranho é que está sempre a sorrir, mesmos nas horas menos boas e estas já foram algumas. Tem os olhos azuis como o mar que vi no Parque Xcaret, tem o olhar mais doce que conheço e é homenzinho para dar os melhores abraços do mundo e arredores (depois de provarem, não digam que não avisei!) Não são calóricos, mas magicamente dão anos de vida! Tem mãos pequeninas, quase sempre quentes. Tem uma cicatriz no peito mesmo junto a um sinal que adoro, ele já passou por uma espécie de Ultramar, mas tem histórias muito diferentes das do avô. Tem no seu mapa das estrelinhas, a dupla-par e quadrupla-par com purpurinas, brilhos que lhe devolvem na candura do olhar um estilo galã. Creio até que são alegoria a uma vida feliz.
Dá gosto vê-lo encarar o dia-a-dia com grandes vitórias. Ao que a maioria chama de problemas, ele entende-as como dificuldades que serão ultrapassadas. Imaginando uma corrida de barreiras, ele não precisa de as saltar, na eminência de uma, ela simplesmente desaparece - deixando-o passar - tal a bravura deste herói. E o seu ar de "eu estou aqui e está tudo bem" é a sua grande valência nas vitórias universais.
Adora ver o mundo atrás de um ecrã a cores, vira as memórias com o indicador no ecrã e ensina os mais velhos que é muito mais homem, do que a sua altura permite revelar.
Arregaça as calças e camisa como o pai, sofre de gineto dobrado em dois terços como a mãe. Não lhe conheço grandes medos, só pequeninas ansiedades.
Gosto da forma caricata como ele me imita. A moda mais recente é a réplica da minha infindável tosse. Ele solidário, tosse comigo. Mesmo que eu, palhacita, ponha uma mão na boca e outra na cabeça ele em espelho, a rir-se, imita quem se faz sem favor à imitação.
Ontem foi só mais uma grande lição. Na exodontia de um dente decíduo (para quem me lê, com dentista de profissão, sabe bem que quando é família, morde uma ansiedade diferente) ele entrou sozinho de mão dada comigo e saiu mais vitorioso do que eu, em frente ao papá, como se nada fosse. Repito. Como se nada fosse, lá do alto dos seus 6 anos.
O mérito das vitórias é dele, muito apoiado pelos pais, bem o sei, eu só tenho a sorte de estar na linha da frente da bancada a vê-lo vencer enquanto me acena e sorri para mim.
Gosto muito de o ver por perto. Desejo que galopes muito e bem alto (até às estrelas) na tua vida, cá estarei sempre para ti, a aplaudir-te e a lembrar-te todos os dias:
"Já te disse hoje, que gosto muito de ti?"
Como é bom ver-te crescer, meu sarrobico.
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