Lamechices solitárias.

Diz que me amas.
Sem vergonha, sem medos. Mesmo em cheio na minha cara, como se fosse um estalo de plumas.
Diz que me queres.
O coração bate mais acelerado, quando estás por perto, bate por mim para ti. Consegues dizê-lo só com o olhar ou com o teu quente toque? Gosto quando me olhas enquanto conduzes. No silêncio, falamos sempre mais, também discutimos em surdina - às vezes estou a dar menos, esquecendo-me que em troca peço-te demais.  
Mesmo quando me abraças e cheiro-te, é como se te sentisse pela primeira vez, quando me apaixonei por ti. A terra gira meia volta no sentido oposto, até eu expirar calmamente e tudo regressa ao normal. Lentamente, sinto-te de novo nos meus braços, sinto o teu peito colado no meu e sinto vontade de perder o controlo. Dura poucos segundos, mas acontece sempre isto. Acho que nunca o disse. 
Há dias em que me aborreço de sentir-me assim por causa de ti, preferia aquele escudo rijo que usava antes, era eu e só eu de braço dado com o meu sarcástico humor. A bem ver, quando amamos verdadeiramente alguém, expomo-nos, ficamos transparentes e quando o sentimento nos é devolvido, ficamos também mais fortes, mais coesos. E estou mais forte, mais coesa, mesmo contigo longe. 
Mas é tão bom quando regressas, quando ouço a porta a abrir e sei que são as tuas chaves, quando na outra metade da cama não dorme só a almofada vazia - não há dinheiro que pague isso.
Como também não há solidão como a que sinto de cada vez que partes. Como te disse na terça: "Ainda não foste e já sinto saudades!" É mesmo isto.
Viajas muito, eu pouco estou em casa e cedo aprendi, que tudo na vida passa e tudo tem um fim. Não choro com a tua partida, peço sempre que te divirtas e tenho sempre medo que não te volte a ver. A ti, aos meus pais, aos meus avós. É este o meu ponto fraco.
Que a tua estadia passe depressa e que esteja bem longe o dia em que teremos o nosso fim. E sim, não acredito em relações à distância, quanto mais viajas, mais certezas eu tenho. Como manter o laço intocável quando nas longas distâncias (em quilómetros e não tem tempo) de um lado é de dia, do outro é de noite. Ou isto é uma quaresma aos sentimentos para quem não sabe rezar?
A única parte boa? Sentir saudade é traduzir o que sentimos por amor. E isso dá-me alento a seguir em frente, sabendo que estou no caminho certo. 
Volta depressa, a música já está a chegar ao fim e a playlist só toca uma vez. 

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