Quando a tragédia me atingiu.

Pensei em comprar um terreno
Só para o ver arder.
Para ver no calor das chamas
Aquilo que sinto cá dentro. 
Mas depois preferi desenhar um campo de batalha.
Eu, a tristeza, a dor, a raiva e claro está
a tragédia. 
Sim, só mulheres!

Comecei com lápis de carvão, não sou boa a desenhar, 
um esboço.
Assim que lhe apanhei o jeito, 
transferi tudo para caneta permanente. 
Assim fiz. 

Desenhei uma arma e comecei a disparar. 
Do preto mais preto, desenhei um canhão.
E como ele gostava de tudo o que fosse grande,
Dei por mim a tentar rabiscar um tanque todo ele artilhado. 

E comecei. 

Matei a tristeza com um tiro certeiro! 
(deixei de sentir a felicidade). 

Estrangulei a raiva, como nunca o imaginei possível
(já não sei o que é a comoção). 

Num duelo com a dor, ela levava-me a melhor
Foi mesmo nas costas, mas de lado - a rasgar
(assim que se foi, perdi todos os sentimentos
e pior, perdi a consciência). 

Sobrei eu e a tragédia
Eu já estava praticamente vazia, 
quando a intenção era sentir-me mais forte, mais preenchida. 
Ela riu-se na minha cara, fez troça de mim, cuspiu-me no rosto.
Começou a partir a louça e disse-me:
"Agora apanha esta merda toda!"

E eu assim fiz. 
Foi um murro no estômago, recuperei tudo outra vez. 

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