Pega na minha mão que quase desmaio.

Pega na minha mão.
Sente-la quente?
Estou viva graças a ti.
Vou dizer-te o que sinto. 
Cada vez que me tocas na mão
Faz de conta que pegas no meu coração.
O teu toque seria diferente?
Sería mais desprendido?
O sangue fazer-te-ia impressão?
Ou achas que é como nos filmes,
que as borboletas estão no estômago,
os sentimentos no coração
e o sangue vem do cérebro.
Acredita, as ideias são falciformes. 
A verdade é que já me pegaste na mão.
Bem transpirada.
Já me fizeste ficar nervosa.
Lembras-te daquele sábado em que me seguraste
à beirinha do corrimão?
Mas hoje, hoje é diferente.
É como diz o Piçarra?
"Eu só existo contigo"
Não.
Eu existo para além de ti,
Ideia que fustigo. 
A verdade é que o cordão umbilical só nos deu a vida,
não a tira. Antes fosse.
Morriam os meus e com eles
Eu morria também.
Se formos ver, em parte é verdade,
quem vai, leva sempre um bom bocado de quem fica.
Vamos mais além.
E que fazemos nós?
Aprendemos a viver com o que resta.
Embrulhamos as memórias na saudade,
como as flores de giesta.
A lembrar o maio,
esse mês maravilhoso que só de lembrar,
quase desmaio.

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