Relutância.

A dificuldade que tenho em aceitar as coisas, mas no fundo já estão aceites, só não o quero ver. E isto ainda me está inerente. Ando a pensar demais, eu sei, mas às vezes é preciso. Assim como também é preciso olhar para trás para ver o que se passou, para em seguida olhar em frente e caminhar devagar, mas a caminhar. Penso agora que em todos os momentos da minha vida, e quando digo todos, digo mesmo todos, sinto que nesses momentos de solidão pura, estive só e senti-me sozinha. É tão estranho. Tudo por circunstâncias que por este ou por aquele motivo surgiram, mas que foram simplesmente acontecendo. Recordo a morte do meu avô Manuel, agora o internamento da minha mãe... É ensurcedor e terrivelmente doloroso suportar algumas horas do dia. Então o que acontece? Pouco ou nada falo, fico muito calada e vou ouvindo dizer "Mas o que se passa?" ao que respondo que ando cansada. E fica por aí. Mas tal como outros tantos, também eu quero viver e não sobreviver ao que se passa. Então tal como tantos outros vou tentando o caminho mais fácil e menos doloroso, quando o mais longo é tendencialmente duradouro. E choro. Choro imenso em largos segundos. Depois cessa. Rio, rio imenso. Ocupo-me. Erro e volto a errar. Falo alto quando me magoam. Penso em quem me tanta falta faz, penso no que vivi, nas recordações tão doces que viajam comigo e sonho com as pessoas que conheço e que adoro e se estas ainda existem da mesma forma como da última vez as deixei. Não creio. Eu mudo, tudo muda, só me vejo a mim todos os dias ao espelho e não vou notando diferenças, mas o coração, esse tudo vê e tudo sente. Esse não me engana, magoa-me e sei que o faz sem querer, mas dói. Mas nunca sentiste o amor como sentes a dor. Não ficas assim em baixo, não pensas que o dia pode acabar, dia atrás do outro e tu sempre sozinho, porque mal tens tempo para pensar nestas coisas... Eu desde que a conheci, senti-me uma Meredith Grey, mas só hoje tenho coragem de o confessar. É impressionante... Sabem o que mais se parece entre nós? É o nó na garganta quando tudo dói, dói e não pára de doer, vou contar-te um segredo é nessas alturas que o tempo do relógio pára, mas nem notas... Bem sei que as pessoas estão comigo e para mim conforme cada um pode e sabe estar eu sei, porque faço o mesmo. Mas gostava que tudo fosse diferente, gostava mesmo. De não ser posta para trás das costas e de não ter posto ninguém para longe dos olhos... Mas tudo tem um sentido, é dificil é descubri-lo, mas isso vai acontecer.

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