J de Romeu.
Como uma Julieta de vestido azul eu esperei. Com mágoa de que o veneno bebesse em ti ao seduzir-te, levava-te somente a alma e assim ias despegado de sentimentos e vazio de memórias e eu ficava com o teu corpo para poder chorar agarrada a ti e fazer o meu luto. Mas ele levava-te e quem ficava para trás era eu. E assim fiquei. Entregue à melancolia que a certeza me dava de que não voltavas, que com o passar do tempo, o que hoje era nítido na memória o amanhã fazia o favor de esbaçar. O som do teu sorriso já não deixava rasto no teu rosto e eu perdia-me nos campos que antes percorria sem bussola. O que antes era uma peito de afecto agora era um resto do que um dia foi tudo. Perdi tudo. E quem ficou para trás fui eu. Não te segui.
[Foto de pormenor da escultura de Romeu e Julieta em chocolate. Óbidos.]
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