11.05.08

Joana, hoje li o teu blogg, mas fui lá a pensar que não havia nda de novo, mas há. Há a certeza da ausência que nem tu, nem eu, nem ninguém deseja. Este último ano tem sido de perdas. Comecei a sentir quando faleceu o meu avô, mas já meia re-composta, perdi o André... Sais-te de casa rumo a um destino incerto que passava por voltares a morar em casa junto dos pais e eu com a certeza de que ia sentir a tua falta a cada dia que passava do novo ano lectivo... Que saudades eu tenho tuas, das travessias que faziamos à Nádia, de ver a tua perna a escorregar enquanto te rias e como entravas na cozinha e de só nos vermos já começava a risada... Como eu gostava que fosse tudo diferente! Mas não, não voltei a ver-te, não sei que escrever nas mensagens, mas penso em ti numa constante e o anjo que te protegia contínua comigo, embora confesse que acho que é um presente demasiado grandioso para mim e que devia ter ficado contigo, mas nunca tu disse... O ano lectivo lá recomeçou e o pai da Sílvia foi ter com a tua mãe. Será que se conhecem? Sou tão ligada aos meus pais, que quando algo assim acontece, não deixo de me perguntar "E se fosse comigo?" Mas pouco antes dos meus anos, o meu André voltou, mas não veio metade, vieram só uns três quartos. E pensei eu que o ciclo mau terminava e que era já com os 22 que as coisas iam melhorar... Mas pensei (ignorância a minha ou esperança de adolescente) que conseguiria trazer o quarto que faltava, mas nem deu tempo, na Queima, ele já era uma lembrança de uma fogueira apagada e o pai da Mariana foi ter com o pai da Sílvia e com a tua mãe. Foi o descalabro. Lembro-me como se fosse hoje, no sábado à noite, antes do cortejo, o que eu chorei em casa... Por tudo, pela tua memória, pela ausência do André que ainda hoje é tão sentida, pela perda da Mariana. Não consegui falar com o meu pai ao telemóvel, lembro-me que a semana da Queima, foi um fardo pesado de aguentar... Lembro-me de ter medo de que fosse ouvir a sua voz pela ultima vez. Parvoíce? Talvez, mas tive medo, muito medo. Então a meio da noite o meu papá manda-me esta mensagem "Era uma vez um homem muito distraído, mas muito trabalhador e sabe que tem um grande tesouro, mas quer continuar a trabalhar para ajudar a valorizar esse mesmo tesouro. Beijinhos de quem às vezes não mostra aquilo que sente." E chorei. Chorei por não ter conseguido ligar-lhe de volta, chorei por sofrer e por fazer sofrer quem mais amo. E fiz o que nunca pensei vir a fazer, bebi para esquecer e funcionou. Nada de especial, no Guitarras, com as meninas lá de casa foram 4 shots seguídos. E queres saber? Foi engraçado. Ri-me imenso e tudo deixou de parecer tão importante. Pela primeira vez em muito tempo, senti-me despreocupada! E queres saber mais? No dia seguinte repeti! E sim, diverti-me e com o tempo, as coisas vão passando... Fez ontem um ano que fui ao funeral do meu avô, tinha o André comigo, a tua mãe tava contigo, o pai da Sílvia com ela e o pai da Mariana com ela também. E choro. O que num ano mudou. Às Já viste? Às vezes penso que se os piores momentos os tenho passado sozinha, para quê ter alguém para mim, que não acredita em mim, que me diz que não consegue e que à primeira oportunidade desaparece?! E eu? E eu?? E eu??? Não me envergonho. Eu não desisto, mas há quem desista de mim. Bem o sinto e começo agora a saber...
O tempo vai passando, mas uma certeza perdura, eu é que tenho não um tesouro, mas dois. O papá e a mamã. São eles os dois que quando olham para mim me devolvem no reflexo do olhar a esperança que um dia melhor virá. Eu acredito!
Não gosto de quem se ocupa e não pensa nas coisas, um dia poderá ser tarde demais...
Quem me dera que tudo fosse diferente! Mas não o é. Adoro-te Joana, sinto mesmo a tua falta.

Hoje um grande SE fazia 3 anos e um mês. Hoje!

Comentários

Postagens mais visitadas