A parvalhona da Shonda Rhimes.



A Shonda até ao dia 23 de Abril era uma das minha heroínas. Mulher, a bombar no trabalho, com filhos para criar e a quebrar barreiras. Três séries de peso e três protagonistas que admiro. Mas, e há sempre um fdp da um mas, resolveu que ao contrário da história que todos nós temos como adquirida, a escrava e saco de porrada é a sua protagonista branca. Até aqui tudo bem, para ela, mas tudo mal para mim. Minha grande parva, para não te tratar por cabra, a Meredith é a minha personagem feminina preferida. Metes Alzheimer na mãe, como se não fosse pouco, esperas que se dê maravilhosamente com a irmã que desconhecia e mata-la num acidente de avião, fazes com que o próprio pai a renegue e não contente com tudo matas-lhe o marido, quando este decide, finalmente, regressar para ela. Que grande cabra me saíste!
Ainda bem que, entretanto, conheci Game of Thrones e pude aprender com o George Martin como se consegue despreender afetivamente de um personagem (no caso dele, de vários), porém no teu caso, reconheço essa tua falta de valor. A série tem 10 anos, cada season com 21 episódios, há quem se canse de ter colada à própria pele outra de quem já não se dissocia, e entristece-me que me obrigues a despegar-me de ti. Matas as personagens pela longevidade de uma série que com fãs tão fieis lentamente os vais matando também. George mata-os para enriquecer o argumento, tu matas para largar quem pediu para sair, enquanto outros bolsos se enchem. Louvor a Breaking Bad! Mais nada há a dizer. Se vou continuar a ver? Sim. Mas lamento. Honestamente, o que mais me ensinaste foi que não há qualquer tipo de preparação prévia para quando morre alguém que amamos. Morre sempre uma parte de nós, a melhor - que é a pura felicidade agarrada ao brilho no olhar. 
E isto faz-me repensar tudo noutra perspetiva: quando me imaginava muito velhinha, imaginava-me feliz, sorridente, com a minha família ao meu redor. Hoje sei que não será assim, se eu for das que viverá mais anos, terei quem não possa faltar ao trabalho para cuidar de mim, se tiver uma boa reforma terei como pagar o lar ou a quem se ofereça para cuidar de mim (ou do meu dinheiro) e serei a pessoa que mais perdas sofreu, que mais gente viu morrer e que mais chorou. A parte boa? Quando morrer estarei calma, do outro lado terei imensa gente há minha espera. Pelo menos, gosto de pensar assim. Resumindo, não sei se é assim tão bom viver tantos anos, parece-me que os primeiros anos saberei sempre de cor, os recentes passaram por mim a correr, eu é que nem os vi. 

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