Essa coisa da fé.

Eu gostava de vestir essa camisola a rigor, de me deslumbrar com o vigor que essa coisa da fé enebria e dá alento a corações. Gostava de peregrinar, como quem caminha em busca da luz, pretendendo ser um ser iluminado. Gostava de saber rezar, em forma fervorosa, de quem nada fez (e tudo pede feito) e dizer depois de peito feito: "Fui eu que tanto pedi à nossa senhora de Fátima. Olha, ela ouviu as minha preces!" E sentada ou em joelhos, depois de bater com a mão na testa e três no peito, tem o serviço feito. Vamos fazer de conta que hoje estamos em 2016 DC, que o que está para trás foi quem dos 33 anos não passou e muito mais deixou sem mesmo cá estar.
E surgiu o dia de hoje. 
Esta manhã, é impressionante como já passou um ano, revi novos peregrinos na estrada, para mim esta visão é sinal imediato de lágrimas no meu rosto. Que tamanhos medos e pesares têm para jurarem a pés juntos que se isto ou aquilo acontecer, a Fátima eu vou a pé. E que santo quererá isto? A meu ver nenhum.  
Mas eu não sou assim. Eu sonho, eu quero, eu faço. E esta deve ser, provavelmente, a minha única religião. Rezo quando trabalho, quando escrevo, quando sonho. Peço ao meu deus pequenino, ele não se importa que eu escreva em minúsculas (afinal fui que o rabisquei) a minha pequena grande coragem, que me dê alento de ir sem desistir, de ganhar sem aldrabar, de agradecer a vida que tenho e que não jogo no euro-milhões, porque não preciso dele, já me saiu a sorte grande. Errado.
Pensando bem, todos os dias me tem saído a sorte grande, levanto-me e volto à carga, mais um dia, mas uma aventura e ainda há tanto por sonhar. 

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