Fiz uma casa no meu peito.

Fiz uma casa no meu peito
Onde sem mordomias e vergonhas
Alberguei todos os meus
Desde os mais virtuosos
Aos cravejadinhos de defeitos.

Pus a chaleira ao lume,
naquela manhã tão fria.
Tossi, preparei a voz e discursei
no melhor tom que sabia.

Disse saber que ninguém vive para sempre
Que quem ignora a morte
Não sabe a força que um abraço tem.
E que com força de vontade ou sem ela
Poderiam ali viver eternamente.

Vi lágrimas nos olhos delas,
vi rodar os rostos deles.
Talvez porque a mulher vê nascer,
E sabe nesse preciso momento,
que todo o ser um dia irá morrer.

E assim foi.
Bebeu-se o café, seguiu-se o almoço,
Lanche, jantar noite dentro, até
a hora da ceia chegar.
No fim da noite, as luzes apagaram-se.
Mas não fiquei só na escura noite.

Da escuridão fiz luz e, no meu peito
Onde antes havia uma casa cheia e farta
Hoje há um jardim repleto de flores
É ou não é dar à vida um grande coice?

Insisto em negar-me à tristeza.
Este é o verdadeiro lema.
Escrito assim, chega a ter delicadeza.
Pois tristeza no seu per si conceito,
nunca deixará de ser um enorme desrespeito.

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