Os meus erros.
Quando me indicam um erro, é, sempre, difícil aceitá-lo e mais ainda assiná-lo. Sim - fui eu, ou melhor, sim - sou eu.
Porque as dificuldades inerentes ao acontecimento já, praticamente, o desenhavam. Eu limitei-me a segurar a esferográfica. Nunca se assina a lápis, imaginem só se tenho ali um nobel e vem alguém invisível que apaga e assina a caneta? Muito cuidado. Sim, às pessoas sem carácter e sem importância, o que lhes devemos devolver em termos de valor é - nenhum - ficando assim, invisíveis. Pelo menos, para mim.
A correção dos meus erros, essa a mim não me assusta. Já os assinei, identifiquei, agora é a parte mais fácil, melhorar. Não deve haver receios, as mangas estão arregaçadas, o frio não é implicativo, 'bora lá tentar. E começa sempre assim: tentativa - erro.
Recebo a todos os dias, a todos os momentos, erros falados, escritos, sussurrados, de dedo indicador em riste, enganados e os enCostas. Aceito-os a todos. Mas o que faço com cada um é que já não é aceite de volta e não percebo porquê. Vamos lá ver se os consigo caracterizar, devidamente.
Ora bem.
Os falados são os vulgares "não devias ter dito isso" vs "fizeste mal em teres feito aquilo". Se me justificar, achando conveniente ou não, posso enumerar aquilo que a meu ver é ou não um erro, mas que para o receptor da mensagem foi. Tal como a velha demanda, sou responsável pelo que digo e faço, não por aquilo que depreendeste. Estes são os mais honestos, a voz que me fala preocupa-se comigo, é da minha equipa, quer, tal como eu, vitórias.
Os erros escritos têm duas subdivisões - os identificativos e os anónimos, louvores aos primeiros. São capitães de abril, querem que eu melhore, que não esqueça a lição - não há desculpas para os repetir, nem mesmo a falta de atenção. Interiorizar a lição, seguir em frente e não voltar ao tapete. Têm de ser bem entendidos, normalmente, são da categoria importante e devem ser bem esclarecidos. Os anónimos, não me vou alongar, mas nesta categoria, os meus erros - derrotas minhas, são vitórias de pessoas sem nome, que simplesmente me querem na merda. Eu aqui abro a subdivisão das pessoas invisíveis. Na categorização, estas pessoas são transparentes, são más por dentro e por fora. Ponto final é o que sempre me deram e no máximo darão. Não gosto, não quero, sim - ignoro. Mas, tal como eu, têm liberdade, não aceitam as respostas - a julgar pela ausência, propositada, de remetente.
Os sussurrados são os também envergonhados, não gostaram do que fiz ou disse, ou gostaram e não entenderam o contexto. Até posso estar correcta, incisiva e assertiva. Gosto destes. Na verdade, os interlocutores gostam de mim, gostam do que disse ou fiz, mas faltou-lhes a coragem. Onde escrevi coragem, questiono-me agora se corrija por loucura.
Os de dedo indicador em riste, não são para ser levados a sério. Quem em indica o dedo, acha-se superior seja em qual área for, excepto se for o indicador da minha mãe, aqui, claramente ela é muito, mas muito superior a mim e eu estarei, nitidamente, em maus lençóis, tenho rapidamente de mudar de cama. O último que levei - um clássico - um senhor professor, confundiu-me com uma aluna, que já não era na altura e... nem um pedido de desculpas. Tentou (e deu) voltas e voltas à questão que até a larga plateia o estranhou. Perdeu a humildade muitos anos antes de o conhecer, infelizmente, está perdido no interminável labirinto do seu umbigo.
Os enganados. Estes são muito dúbios. Alguém estará enganado, aqui teimo em alegar que não sou eu. Eu nunca me engano. Ahahah ahah ahah ahah!
Os enCostas. Estes, vulgarmente, conhecidos por mentirosos. São ditos a bons pulmões nas nossas costas. "Não vais acreditar no que ela fez..." ou "Sabes o que ela disse?" E é tudo catalogado, parvamente, como um texto proferido por mim em cenas (encenadas), quando muitas vezes nem fui personagem dessa peça de teatro. O melhor destes é sabermos quem acreditou. Os believers são também, por mim, inseridos na categorias das pessoas transparentes. E o que dói inseri-los lá? Pensávamos que nos conheciam, quando desgraçadamente, mal nos demos a conhecer. Hum... tenho dúvidas se me dei mal a conhecer, se quando disse o sim, ele ouviu o não. Estes são aqueles que com a idade - e a serenidade que daí advém - vamos aprendendo a cagar para eles num brasileiro tom de "To nem aí!" em dó maior que se vai perdendo com o eco. Aqui, começo a ser jurássica. Já perdi a conta às vezes que me disseram "Não tens valor! Não serás ninguém!" Sei de cor o rosto dessas pessoas. Sabem o que vi? Que valho exactamente o oposto. Quem me disse? Vocês.
E sim, não sou mais que vocês, infelizmente, vocês são até são bem mais do que eu (em quantidade, obviamente!), mas eu por um lado (o esquerdo, sempre o do lado do coração), até sou e não sou melhor que vocês. Sem dúvida alguma, sou de outra fibra. Se posso mudar o mundo sozinha? Claro que não, mas quando morrer, não haverá menos uma parvalhona na terra. Afinal nunca fomos farinha do mesmo saco.
Eu nunca fermentei, eu levedei. Não insistam na sinonímia, é propositada.
Comentários