Ele não fala, mas grita que me ama.

Ele chega de mansinho,
como o sono numa manhã de domingo.
Já lhe tinha dito que o queria namorar.
Já me havia avisado - que lhe saísse do caminho.

Que eu era pedra, que eu era empecilho.
Mas do que ele não sabia eram as jogadas que tinha
dentro do meu espartilho:
Seria fecho semi-aberto,
O peito afogado em lamentos.
E assim fiz.
Persisti, insisti e mostrei-lhe o caminho.
No fim, desvalorizei, já não queria,
Ele já só me entristecia.

E fez-se sol, onde antes havia chuva.
Fez calor de onde brotava ventania.
E de repente, do frio se fez quente.

Foi o meu rouxinol, quando me armei em catatua
Fiz das suas dores, as minhas
Dei-lhe o meu sorriso em camas de prata.
E no fim: amor com amor se mata.

Matei-me de tanto o amar,
E ele nasceu de novo.
Hoje deitada na lápide com ele a trazer-me flores.
Relembra-me quando me penteava o cabelo, deitados na cama:
Ele não fala, mas grita que me ama.

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