Só de sacanagem.
Na última viagem que fiz da Figueira da Foz para aqui junto do pc, uma amiga minha disse-me que conhecia um poema que gostava muito, que acreditava no que lá estava escrito e que achava que também eu me ia identificar com ele. Perguntei-lhe o nome, mas ela disse-me que não o sabia ainda de cor mas que o conheceu no álbum da Ana Carolina e seu Jorge, pois aí no meio de músicas a Carolina recitava-o. Assim soube que também eu já o conhecia, que também tinha gostado dele, mas por mais esforço que fizesse também eu não o sabia de cor. Hoje apercebi-me que a autora deste poema, Elisa Lucinda, é também actriz e que eu sempre gostei imenso do seu sorriso. Agora sim, sei que afinal não era só o sorriso e o tom de voz que lhe conhecia. Agora, um pedaço do seu coração é meu também...
Só de Sacanagem.
Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela de passar?
Tudo isto que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro,
do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres
que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro
viaja na bagagem da impunidade da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro
viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos dificeis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo
que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu
pai, minha mãe, minha avó a dos justos que os procederam: "Não roubarás",
"Devolva o lápis ao seu coleguinha", "Esse apontador nao é seu, minha filhinha."
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinhaouvido falar e sobre a
qual minha pobre lógica ainda insiste:
esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba!"
e eu vou dizer:
Não importa, será esse o meu Carnaval, vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos,
vamos pagar limpo a quem a gente deve
e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão: É inútial, todo o mundo aqui é corrupto,
desde o primeiro homem que veio de Portugal."
Eu direi: "Não admito, minha esperança é imortal.
eu repito, ouviram? IMORTAL!"
Sei que não dá para mudar o começo
mas, se a gente quiser,
vai dar para mudar o final.
Elisa Lucinda.
[A senhora da foto é a autora do poema.]Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela de passar?
Tudo isto que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro,
do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres
que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro
viaja na bagagem da impunidade da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro
viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos dificeis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo
que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu
pai, minha mãe, minha avó a dos justos que os procederam: "Não roubarás",
"Devolva o lápis ao seu coleguinha", "Esse apontador nao é seu, minha filhinha."
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinhaouvido falar e sobre a
qual minha pobre lógica ainda insiste:
esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba!"
e eu vou dizer:
Não importa, será esse o meu Carnaval, vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos,
vamos pagar limpo a quem a gente deve
e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão: É inútial, todo o mundo aqui é corrupto,
desde o primeiro homem que veio de Portugal."
Eu direi: "Não admito, minha esperança é imortal.
eu repito, ouviram? IMORTAL!"
Sei que não dá para mudar o começo
mas, se a gente quiser,
vai dar para mudar o final.
Elisa Lucinda.
Dedico este post a ti Joaninha Leonor.
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