Livro III.

Flávia.
A minha mãe vem aí. Estranho vê-la lá por casa tão à vontade com tudo, então junto do Vitor... Nunca gostou dos meus namorados ao início. Nunca. Depois tal como se fosse uma conquista, deixava-se enamorar. Estranho e surrealista ao início, porque custou a valer, mas agora terrivelemente delicioso. Já aconteceu ligar-me a saber dele e isto para uma filha única é dificil de suportar. Fiquei em choque, não resisti e disse-lhe "Mamã, tenho-o aqui ao meu lado e vou passar-lhe." e o Vitor a rir-se, porque sabe que me custa e porque sempre sentiu que tinha demorado mas que a tinha conquistado de vez e para sempre, disse "Olá sogrinha querida, está boa? Então nem quer saber da sua filha, só de mim..." Mesmo do jeito que ela diz que não gosta de ser tratada mas lá no fundo ama com todo o coração. Ainda me lembro de como me beijava e dizia a minha mãe como eu estava linda grávida do Afonso Dinis e eu inchada em pleno nos 7 meses. E foi a pensar nisto que nem dei por ela a chegar junto de mim na Gar do Oriente.
- Ola filha, então como estás? Lenço lindo o que trazes...
- Ola mamã. Estou bem, sim o lenço é lindo, ou não tivesses sido tu a escolhê-lo. Fizeste boa viagem? O papá? Deixa que levo o teu saco.
- Nada disso, quem leva o saco sou eu. A viagem de alfa é sempre boa. O papá lá está. Foi muito bem feito que tivesse vindo hoje sozinha. Sempre a trabalhar, a trabalhar, diz que vem na sexta...
- O papá nunca pára. Mas tu própria já sabes como ele é.
- Sim por saber é que fico assim. Tenho de lhe mandar uma mensagem a dizer que cheguei.
- Manda, que logo ligamos-lhe. O Di já quase que diz o nome dele e tens de ver as fotos do Vitor em bebé e a cara dele agora até assuta. Parecem exactamente a mesma pessoa. E o seu neto mais velho, o Jó já me disse que esta noite dorme contigo porque tu estás habituada a ter companhia e não te quer sozinha cá em Lisboa.
- Os meus meninos... Tudo bem que o Di puxou ao pai, mas o Pedrito é do meu lado!Que saudades que já tinha. Pronto, já mandei mensagem.
- Anda por aqui mãe, a carrinha está já ali...
(...)
E mulheres que somos, fomos às compras pelo Vasco da Gama. Fui comprar uma roupa que vi na montra antes de ir para a estação de combóios e nesse instante revi-me no manequim. A mamã também gostou, disse logo que era mesmo a minha cara. Aproveitei e comprei uma carteira que a minha mãe gostou para ela e um pólo às riscas para o papá que ela me ajudou a escolher no tamanho. Já saimos em cima da hora e ainda tinhamos de passar no colégio dos meninos e na minha Clínica Dentária.

A festa que foi quando viram a avó. Quase que fui transparente, não tivesse o Di vindo de geito mimado mostrar-me o doidoi no joelhito. Pela milésima vez naquele escorrega desce de cabeça para baixo e esquece-se que tem joelhos na vez de travões. Mas logo lhe passou. A avó quis passar logo para o banco de trás, mas as cadeiras estratégicamente posicionadas travaram-lhe o esquema o que para minha alegria não os desanimou de todo. Passei pela Clínica para falar com a Emília e para recuperar a minha agenda. Todas as semanas lá ia, mais que uma vez até, mas memso assim que saudades tenho daquele espaço. As crianças todas à entrada, aquela alegria nos olhos. Tudo tão doce! Quero e preciso retomar o Serviço na semana seguinte. Estávamos numa quarta-feira e a minha mãe não queria que voltasse ao trabalho tão cedo, mas já terminei os tratamentos à 15 dias e é pedir de mais continuar sem fazer nada. E ela não queria mesmo de todo que retomasse a minha rotina por completo sem a supervisão dela. Mas não vai ser como ela quer e ela bem o sabe. Mas também não é algo inconsciente, vou trabalhar a meio termo, porque bem sei que ainda me sinto cansada facilmente, mas nada que com o tempo não recupere. Mas quero ocupar-me com o que mais gosto de fazer. No próximo sábado faço 35 anos, quero entender como uma nova etapa da minha vida, quero terminar esta 'má fase' e retomar tudo. E como Domingo é Dia de Páscoa nada melhor que casa novamente cheia para (re-) começar!!! Vai ser sem dúvida um fim de semana em grande em família! Os meus sogros e o meu cunhado chegam amanhã e ainda há compras para fazer no Continente. Mas isto é mesmo coisa para se fazer a dois e não a um. Sim, porque os corredores dos brinquedos e dois míudos de 2 e 5 anos é dose.

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