E se de cada vez que um filho está triste - os pais chorassem?

Já imaginaram? 
Se magneticamente, os pais chorassem em função da tristeza dos filhos? 
Reflecte. Um filho depressivo, um filho desempregado, um filho abandonado pela companheira. Sei lá. Que a dor que atravessa um, atravessa o outro. Que o aperto do peito de um, fosse a dor maior de outro.
Se de cada vez que eu chorasse, a minha mãe também o fizesse? E o meu pai.
Agora imaginemos um aborto espontâneo, os pais choram a perda de quem não chegam a conhecer. Quiçá a mãe nem o chegou a sentir, mas o futuro foi imaginado em telas pintadas a guaches em tons claros. Amar um filho deve ser isto - amar incondicionalmente.
Mas, revendo o exercício.
Imaginemos que este amor incondicional - não existia. E para amarmos aquele ser, profundamente, devíamos fazer dele a nossa pessoa preferida no mundo. Assim, de repente, parece mais entusiasmante! Moldar, dobrar, até ficar no ponto, tal como o queremos!
Eu acho que isto já acontece. Chama-se educação.
No outro dia ouvi de uma filha que a mãe lhe tinha proporcionado o pior trauma de infância - tinha lhe dado amor em packs de educação. E o bom trauma dela, era esse! E que no que dependesse dela, repetiria a dose com a futura descendência Não deve ser fácil, castigar para melhorar, mas está aqui assente a grande diferença e doa a quem doer, só alguns o conseguem.
Ao início eu estranhei, pensava até que os meus pais não gostavam de mim, depois, muito tempo depois comecei a entender o amor do não, a ternura do agora não pode ser, o carinho no agora não te posso comprar isso. Nunca entendi bem o mimo nas tarefas de casa, mas a verdade é que ninguém é perfeito!
Mas, sim. Acho que sou a pessoa preferida deles. 

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