Há locais no mundo onde é Paris todos os dias.
Choca-me a violência.
Choca-me a falta de humanidade.
Choca-me a estonteante loucura por algo que alegam ser muito superior.
Mas choca-me muito mais a ignorância.
Sou Portuguesa, há muitos anos atrás conquistámos muitas colónias e infelizmente não a troco de flores, de especiarias e de louvores como me ensinaram nas aulas de história. Certamente, muita violência, muito esturpo, muitas violações - também eles na época justificados por um bem maior, o da prosperidade do reino. Se alguém quiser saber um pouco mais sobre o assunto, aconselho este livro, basicamente explica porque hoje uns países mandam muito mais do que eles mesmos mandavam anos atrás e porque existe a supremacia de uns em detrimento de outros. Adiante.
Não fui dotada devoção religiosa, logo não vou por aí, muito menos de cor política, tenho pai e mãe que são as pessoas que mais gosto no mundo e não concordo com tudo o que fazem e dizem, quanto mais concordar com meia dúzia de linhas de ideologia que justifique uma troca de favores quando o pano está corrido. Logo, o que me resta no poder da argumentação: a genética. Essa é inquestionável.
Vamos lá correr o genoma e nas árvores genealógicas, descubro que sou parente de um rei miserável ou de um escravo distinto. Isto não deve fazer de mim, nem mais, nem menos. E nos dois exemplos que dei eu sinto vergonha, mas não o devia sentir. Primeiro juntei substantivo e adjectivo contrapostos - num alto padrão uma vergonha e num hediondo, um elogio. Segundo, não deveria sentir vergonha de actos que não cometi.
Mudemos a lógica e já não sou só parente de um, mas dos dois. Isto piora tudo? Sim. Mas assim, se vive no mundo.
A convivência no mundo é mesmo isto. Mas não passamos de cerca de 206 ossos, com variação, tal como cor da pele e o que varia mais ainda é a educação e a ideologia que a massa encefálica mastiga.
Fazendo hoje em dia alargar fortemente a distância que separa o ocidente do oriente.
E voltamos à ignorância e aqui faço eu o eufemismo com extremismo.
Se eu inflexivizar os meus limites (na minha vida inventaria alguma palavra, decidi hoje que seria esta!) também o farei com os meus sonhos. Daí eu adorar escrever com e sobre o humor que tão bem rima com o amor. Mas a vida é mais do que isto.
Não escondemos a tristeza dos atentados de sexta atrás da bandeira francesa, quando os que hoje são vítimas outrora foram agressores. Assim foi, assim é, infelizmente temo que assim será.
Cuidado. Também os de Paris, eram franceses - refiro-me não só aos terroristas como os inocentes. Mas vejamos mais exemplos aqui. Resumindo, o que pano para mangas dá (construção léxica de mestre Yoda) são sempre pessoas a matar pessoas, quando outras pessoas salvam pessoas. E é disto que o mundo é feito. De pessoas e de opções: que no futuro prevaleçam as melhores opções que o bom senso dita.
Eu não sou o que os meus pais são ou foram, eu acabo e termino nos meus actos e nas minhas opções, não julguem e culpem o meu país, a minha raça, o meu género por aquilo que todos os dias decido ser. Eu tenho muitos sonhos, quero apenas viver calmamente no meu canto e viver uma vida excepcionalmente feliz, mas para tal acontecer seria ignóbil acreditar que tudo isso depende só de mim. E tal como eu, muita gente quer o mesmo que eu - ser feliz.
E termino com um texto que uma amiga partilhou no FB.
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