Eu sei.

Em todas as histórias de amor é nossa obrigação saber seguir em frente, mesmo quando a afinidade existente é assustadora. E eu sempre segui, muitas vezes fui arrastando-me ou ao colo de minha mãe.   Eu sentia sempre que o mundo estava contra mim. Uma vez quase tentei esquecer um amor com outro, ainda hoje penso: será que derrapei a tempo? Ainda tenho essa cicatriz. Cosia, bem cosida e deixei o ponto bem preso mas à vista para não me esquecer.  Mas no Domingo bateram-me no carro, porém eu senti muito mais do que um simples toque. Foi muito mais que isso. Rasgaram o papel onde desenhei os meus sonhos, fitaram-me o coração, baralharam os meus sentimentos e de repente o que é certo pareceu-me errado, como quem se confessa em mil mentiras, quem canta sem melodia, numa letra vazia de sentimentos e linhas em branco. Eu peço-te desculpa, e eu que te amo tanto, sinto-me atordoada, fui para o lado de lá e não voltei igual... Fui a voar e quando dei por mim estava ade cabeça para baixo, fazia o pino só com uma mão. A esquerda. Falta-me algo e não sei o quê. Tenho sido péssima, mas sinto-me muito pior. Os meus sonhos são-me suficientes, eu é que não. Hoje presa na A1 por umas 3h precisei de chorar, chorei por mim, pelo vento que batia no carro mas não varria os meus pensamentos, pela chuva que lavava o meu carro, uma enxurrada de água na minha alma; pelos toldos que voavam à minha frente, mas o desassossego, esse não me abandona. Pelo caos e pelo deserto, eu fui e voltei. Momentos mais tarde, e isso devo-o a ti, ri-me de mim! Como é bom ter aprendido com o tempo a rir-me de mim mesma. Sou como um buraco negro, brilho por e para fora, mas por dentro não existo. E o que tenho cá dentro? Amores desfeitos, papéis azuis, canais amplos, restaurações perfeitas; insegurança sobre a maternidade, desconforto quando os meus sonhos não te têm a ti nos meus braços. Porque sonho com o passado? Porque acarinho um rosto que não me é familiar? Porque tenho pesadelos sobre o que não vivi? E é quando o céu muda, o azul revela o preto do desconhecido. E eu vou caindo, caindo, caindo como a Alice e lembro-me que o preto tem em si todas as cores. E sorrio. Já não tenho medo, todos têm os seus dias maus e eu não preciso fugir dos meus, estou no meu direito de os viver, aproveitá-los e depois sim, seguir em frente como há tanto tempo me ensinaram. Começo sempre por caminhar devagarinho e quando me sinto capaz, olho sobre o ombro e com os rostos que tanto me são queridos sorriem, acelero o passo, nunca esquecendo que já lá vão os tempos em que adorava correr...

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