O amor dói I.

O amor dói, corrompe, magoa, insiste na ferida. Há uns anos atrás tive uma daquelas paixões de adolescente completamente assolapada (escondida, oculta) como é típico dessa fase de amores impossíveis e não correspondidos. A questão aqui é que ainda hoje me lembro dessa paixão, pela dor que me causou e raiva que causa pelo tempo perdido. Anos e anos estive apaixonada por quem não gostava verdadeiramente de mim, mas gostava de ter a minha total atenção e o meu amor por inteiro. O pior disso, é que nunca vivi com ele um amor maior, mas perdi um grande amigo. E em saber ser amigo ele era e foi o melhor. Hoje penso, valerá apena perder uma amizade por um grande/pequeno amor?! Eu sei que todos gostamos de atenção e carinho, mas usá-lo assim a bom proveito e depois deitá-lo fora, não. Pois bem, os nossos beijinhos e abraços eram todos eles às escondidas, anos mais tarde descubro que não era só comigo. O homem é carne, conhaque é conhaque. Ora bem, os anos vão passando e os desejos querendo realizar-se quando se soltam da mão aberta. É engraçado, sem ter piada, olhar para trás e relembrar as vezes que me dizia como eu era parecida com a minha prima, e como isso lhe soava a imitação barata. Nunca fui autosuficiente, faltava-me sempre algo. Nunca tive algo que fosse a mais. Prima essa a quem ele tantas vezes me comparava, era quem eu na altura adorava de paixão, era uma irmã mais velha. A quem contava tudo. Mais houvesse, mais soubesse. Ela sabia do meu amor por ele, Mas há coisas que se contam porque têm de ser ditas e precisamos de desabafar, outras são cuspidas na cara para haver um alívio interior e um move on. A piada não é nenhuma quando, anos mais tarde, mais precisamente hoje, o meu pensamento vagueia para o passado e vem-me à lembrança uma festa de baile de finalistas na minha vila em que a minha prima veio passear um fds a minha casa, noite essa que era o baile da ex-namorada, e eu como amiga incentivei-o após engolir o meu orgulho e amor maior para ir falar com ela para tentarem voltar. Engoli tudo e muito mais. Eles não voltaram e hoje eu percebo que essa ex o conheceu muito melhor e bem primeiro que eu, infelizmente. Anos depois numas férias de verão, a filha do meu primo em plena cozinha abre-me a ferida e desvenda que a primeira noite de amor dele foi passada nos braços dela. Que ele lhe implorou amor que ela não lhe sabia dar, amor esse antes dessa festa, que inexperiente ele lhe tinha sido, os pormenores que ouvi a rasgarem-me o coração e que nessa noite até tinha cozinhado para ela, o mesmo jantar que poucos anos depois fez para mim. Conclusões a tirar daqui?! Ora bem, quando se vomita uma história para um se sentir bem e o outro ficar mal, mais vale ficar calado. A prima aqui parece a má da fita, mas não o é sozinha, mulher é xixa, conhaque é conhaque. Ele é um porco, um estupor e um triste. Não sabe ultrapassar algo que disse em voz alta, mas consegue ultrajar sentimentos e fazer-se de coitadinho como ninguém. Não sei nada dele há anos e sinceramente ainda bem. Não lhe desejo mal, mas sinceramente não acredito que seja feliz nm que o será. Não confies em primas que aparecem sem avisar e são muito bem recebidas e que quando precisas de um sítio onde ficar por mero um fim-de-semana não te podem ajudar. Resumo: ele ficou sem ninguém, ela vai-se casar ainda este mês. E eu? Eu hoje não sinto nada, vagueio por este lado e outros...

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