Balneários - um estudo epidemiológico.
Este ano defini como meta realizar um triatlo.
Como tal, os treinos de natação entraram com força na minha rotina diária, antes de iniciar a bicicleta. Eu já sabia dar umas braçadas, mas honestamente quero nadar bem e a bom ritmo para aguentar bem o que vem a seguir. Treinos esses, acompanhados de presenças assíduas nesse mundo dos balneários. Faço três treinos semanais e em horários bem distintos, o que me deu uma boa margem para o estudo epidemiológico que tive necessidade de realizar e que hoje (aqui) em primeira mão, apresento os resultados preliminares.
No primeiro treino da semana, a média de idades ronda dos 10 aos 14 anos. A maioria são garnisés, os décibeis a que falam são sempre exagerados, movem-se no balneário como as nuvens cinzentas carregadas de chuva, é tudo em grupo, na estrutura física são cada vez mais magras e com cabelos muito compridos e difíceis de lavar, sem a máscara para o efeito. Têm quase todas o telemóvel gigante na mão direita, bebem todas das bebidas energéticas umas das outras e quase sempre partilham chuveiros: tipo dois chuveiros para dez moças, quando os restantes estão livres. Há líderes que questionam se a rapariga x ou y parece fixe às restantes, quando desesperadamente desabafam: "Mas ela só diz parvoíces!" Ao que uma humilde moça responde: "Eu até a acho fixe! E eu só não digo mais parvoíces, porque passo muito tempo calada!" Eu aqui no meu canto explodi a rir à gargalhada pela franqueza da resposta. E semana após semana, lá estou eu no meio daqueles grupos de pares, naquela frescura da puberdade, mas a memória teima em não me lembrar como eu (nós) era(mos), mas uma certeza eu tinha: eu devia ser das garnisés com mais decibéis na voz.
No segundo treino da semana, aqui o desvio padrão aumenta consideravelmente. Mães com filhos. Sim, com filhas e filhos. Os meninos são claramente o alvo de destaque. Do mais pequenino ao assim-assim é vê-los de olhos em bico com as meninas de corpos ao léu. Aquela curiosidade desmedida, em como o pipi das meninas não é de todo igual ao dos meninos. E como variam os gostos: dos que adoram tomar banho e as mães aflitas não os conseguem demover facilmente da cascata de água, aos que esperneiam enquanto gritam: "Já cheeeeeeeega!"
No segundo treino da semana, aqui o desvio padrão aumenta consideravelmente. Mães com filhos. Sim, com filhas e filhos. Os meninos são claramente o alvo de destaque. Do mais pequenino ao assim-assim é vê-los de olhos em bico com as meninas de corpos ao léu. Aquela curiosidade desmedida, em como o pipi das meninas não é de todo igual ao dos meninos. E como variam os gostos: dos que adoram tomar banho e as mães aflitas não os conseguem demover facilmente da cascata de água, aos que esperneiam enquanto gritam: "Já cheeeeeeeega!"
No ultimo treino, aqui a vem a verdadeira chapada de humildade e as limitações do dia-a-dia batem-me de chofre: vejo o que ainda está por vir.
Chego muito cedo, já há adolescentes no primeiro treino do bi-diário, que vão a correr para as aulas, vejo um antigo atleta que ainda nada como eu ainda não consigo nadar (tem mais anos de natação que eu de vida!) e vejo as reformadas na aula de hidroginástica. Ó god, é vê-las a vestirem-se? A dificuldade que é levantar uma perna e enfiá-la nas calças?! As conversas do balneários dão-me a certeza de que é mais gratificante ser mãe de menina, porque semana após semana, quando toca a queixumes, é sempre o mesmo lamentar. Por norma, as meninas não desamparam, se aumenta a distância física, os telefonemas aumentam na frequência e/ou duração, o longe faz-se perto e se o filho homem falha às mães, a culpa nunca é deles, mesmo sendo eles os únicos culpados e as desculpas multiplicam-se desde o "Já sei bem como ele é!", "A culpa não é dele, a minha nora é que manda!", "A minha nora não gosta de ir a minha casa!", "O meu filho não me liga, agora sou só eu e ainda tenho o meu pai!" e o discurso pouco variou além disto, semana após semana desde o natal. Eu bem as ouvia a lamentar. Já as mães de meninas não tinham este tipo de atitude, percebia-se bem na midriase pupilar, tal como no espanto e nos silêncios. Uma mãe de menina sabe impor-se, sem se intrometer. As mães de meninos intrometem-se a pés juntos, é uma corrida que se iniciou em pé de desigualdade.
Já falta pouco para sair, estão mesmo a chegar cinco meninas com trissomia 21 com a professora de desporto para uma super mega e espetacular aula. Aqui a manhã delas está a começar e a minha já vai a meio.
Chego muito cedo, já há adolescentes no primeiro treino do bi-diário, que vão a correr para as aulas, vejo um antigo atleta que ainda nada como eu ainda não consigo nadar (tem mais anos de natação que eu de vida!) e vejo as reformadas na aula de hidroginástica. Ó god, é vê-las a vestirem-se? A dificuldade que é levantar uma perna e enfiá-la nas calças?! As conversas do balneários dão-me a certeza de que é mais gratificante ser mãe de menina, porque semana após semana, quando toca a queixumes, é sempre o mesmo lamentar. Por norma, as meninas não desamparam, se aumenta a distância física, os telefonemas aumentam na frequência e/ou duração, o longe faz-se perto e se o filho homem falha às mães, a culpa nunca é deles, mesmo sendo eles os únicos culpados e as desculpas multiplicam-se desde o "Já sei bem como ele é!", "A culpa não é dele, a minha nora é que manda!", "A minha nora não gosta de ir a minha casa!", "O meu filho não me liga, agora sou só eu e ainda tenho o meu pai!" e o discurso pouco variou além disto, semana após semana desde o natal. Eu bem as ouvia a lamentar. Já as mães de meninas não tinham este tipo de atitude, percebia-se bem na midriase pupilar, tal como no espanto e nos silêncios. Uma mãe de menina sabe impor-se, sem se intrometer. As mães de meninos intrometem-se a pés juntos, é uma corrida que se iniciou em pé de desigualdade.
Já falta pouco para sair, estão mesmo a chegar cinco meninas com trissomia 21 com a professora de desporto para uma super mega e espetacular aula. Aqui a manhã delas está a começar e a minha já vai a meio.
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