Sigo caminho...


Sigo caminho e deixo-me levar pela brisa do meu mar que me insiste em acompanhar até onde o queira levar comigo. Mas mesmo não o levando, ele que me é tão triste e extremamente só, vai comigo e deixo-o ficar. Molho os pés como de mansinho, não, não entro a correr... Nem eu nem ele sente que o estremeci, que o invadi, mas sim de mansinho para saber que é bem vindo e que eu sempre aqui o quis comigo, mesmo nunca o tendo convidado. Mas a mais de meio, tenho medo... A companhia das ondas torna-se solitária, estão cá apenas para me testar e eu que nunca gostei de ser testada, dou por mim a ser colocada à prova... Os momentos são de uma calma aflição, mas tenho que para comigo, tudo vai correr bem. A água docemente salgada saboreia-me os lábios e eu retribuo, sinto-me envolvida e mais que isso, desarmada. "Mas porque me queres assim indefesa?" Lá de longe, muito longe, responde-me uma sereia que entoa o seu cântico embalado no farol da concha "Só se conhecem as pessoas quando estas estão indefesas, toca-se sempre ao de leve, mas bem lá no fundo do seu ser". E nada mais precisei de dizer ou de ouvir... Senti com o meu corpo. Envolvi-me no meu mundo, como quando somos envolvidos por uma vestido de cetim... Emoldura-nos o corpo e apenas se vêm os contornos que o corpo possui... Mas sim, como no vestido há vincos, também no mar existe areia. Que me salpica ou que me incomoda, mas como o trigo tem o joio, também o fruto tem caroço e depois do dia há a noite... E deixo-me levar... Deixo-me levar agora na proa de um navio, cujo leme se partiu, cuja destino ainda não se sabe, nas malhas de um fado ainda por ser cantado...




O voluntariado no HP faz-me bem,
que nunca perca a humildade que tenho.

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